O UOL CRIANÇAS publicou ontem um bate-papo ao vivo com Mauricio de Sousa, famoso pela Turma da Mônica. Vale a pena conferir!
Mauricio de Sousa fala sobre suas traquinagens de infância:
Já imaginou contar a sua vida numa história em quadrinhos? E se você tivesse 72 anos, como ela seria? No caso de Mauricio de Sousa, não faltou criatividade nem narradores para a história: a Turma da Mônica conta passagens da carreira e da infância do desenhista em "Mauricio de Sousa - Uma História em Quadrinhos".Em entrevista ao UOL Crianças, o pai da Turma da Mônica aproveitou o clima de "biografia" e contou suas aventuras de criança, como suas pescarias, cantorias e seu cachorro Cuíca. Lembrou ainda de sua "carreira" de entregador de marmita (ele levava a marmita para a prima), prejudicada pelas traquinagens. "No meio do caminho tinha muita tentação para eu parar, jogar uma bolinha, subir no muro ou correr atrás de cachorro", contou sorrindo
UOL CRIANÇAS - Como foi trabalhar como vendedor de doces e entregador de marmitas quando você era criança? Você gostava e acha que fazia um bom trabalho?
Mauricio de Sousa - Quando eu trabalhava como marmiteiro (risos), eu não encarava como trabalho, achava que estava atendendo a um pedido da minha prima e ainda ganhava um dinheirinho. O que atrapalhava minha "vida profissional" de carregador de marmita é que no meio do caminho tinha muita tentação para eu parar, como jogar uma bolinha, subir no muro ou correr atrás de cachorro. Então às vezes eu atrasava a marmita e ela ficava com fome, ou eu deixava a marmita na grama para jogar bola e ela enchia de formigas.
UOL CRIANÇAS - Você também vendia doces na rua para sua mãe. Você era bom vendedor ou comia os doces?
Mauricio de Sousa - Para minha mãe eu vendia cocada e manjar, as especialidades dela, mas só comia depois de pedir permissão.
UOL CRIANÇAS - Na biografia em quadrinhos você fala que adorava pescar quando criança. Como eram essas pescarias?
Mauricio de Sousa - Está tudo no Chico Bento, quando ele pega a vara, vai catar minhoca, vai para a beira do rio, era o que eu fazia. Quando a maré estava cheia, eu sentava numa bacia grande e ía remando com a mão até o lugar que teria peixe. Eu também gostava de nadar no rio, quando ele ainda era limpo e o lugar era bonito. Eu tenho saudade, mas não tenho dúvida de que um dia vamos voltar a ter rios limpos. As crianças hoje não têm mais coragem de jogar lixo no rio, infelizmente são os adultos que ainda fazem isso.
UOL CRIANÇAS - Queria que você falasse das suas experiências como cantor.
Mauricio de Sousa - Eu cantava músicas difíceis, como "Aquarela do Brasil", e até músicas em espanhol. Eu cantava bem e sempre pegava o primeiro lugar em concursos de calouros. Até um dia em que minha mãe me levou para cantar num circo e eu esqueci a letra. Chorei muito e, nesse dia, encerrei minha "carreira" (risos).
UOL CRIANÇAS - Você quase não falou da escola nos quadrinhos, tem algum motivo? Você gostava de ir ao colégio?
Mauricio de Sousa - Eu gostava, quando eu tinha professores amáveis, afáveis e capazes, fui um bom aluno. Quando eles não eram assim, eu infelizmente não ía bem. O aluno e o professor têm que fazer uma troca, e não ficar ouvindo um ao outro friamente na sala de aula. Mas eu gostava de ir ao colégio, e gostava de matérias como história, geografia e português.
UOL CRIANÇAS - E seu cachorro Cuíca, seu companheiro na infância, ele ajudou a inventar algum personagem?
Mauricio de Sousa - O Bidu é o Cuíca, só não tinha barbinha e era branco. O Cuíca me acompanhou nas minhas aventuras de criança, saía comigo atrás de escorpião e cobra no mato. A nossa amizade me ajudou a entender a amizade entre um menino e um cão.
UOL CRIANÇAS - O que você acha mais legal em ser criança?
Mauricio de Sousa - É brincar, é não saber ainda do peso da responsabilidade. Mas se o adulto leva um pouco da criança que foi, talvez a responsabilidade, que é também um aprendizado, não vá pesar tanto. O adulto tem que lembrar de como foi ser criança e se cercar de crianças, como filhos e netos, para nunca se esquecer e estar sempre se reciclando. Ser criança a vida toda é fundamental.
Publicação/UOL CRIANÇAS
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