
Dia 1º de novembro eu comecei a escrever uma matéria sobre o GP de Abu Dhabi - Yas Marina - e seus segredos. GP esse que tem corridas asseguradas até 2016.

Esse mês - entre 16 e 22 de novembro para ser mais preciso - ouve a Copa do Mundo de Futebol de Areia - que inclusive o Brasil foi campeão - na praia de Jumeirah, em Dubai, vizinha de Abu Dhabi, no também Emirados Árabes Unidos.

Abu Dhabi também sediará a final do Mundial de Clubes da Fifa em dezembro de 2009 e 2010.

Planeja-se ter em breve, uma edição dos Jogos Olímpicos ou da Copa do Mundo no país.

Álem do Ferrari World Theme Park, a Disney Word da scuderia italiana, também em Abu Dhabi (vejam clicando aqui).
E agora acabei de ler que a crise mundial afetou até Dubai, "cidade que foi símbolo da exuberância econômica mundial e que vive agora um êxodo de trabalhadores", segundo materia da revista Época. Leiam abaixo:
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Crise afeta até Dubai
A cidade dos Emirados Árabes que foi símbolo da exuberância econômica mundial vive agora um êxodo de trabalhadoresPor Thiago Cid
FUGA
O centro financeiro de Dubai e um carro abandonado num estacionamento, com o recado: “Para ficar aqui”. Milhares de estrangeiros estão deixando o emirado
Concluído em 2006, o complexo Palm Jumeirah, no emirado de Dubai, foi alardeado por seus idealizadores como a oitava maravilha do mundo. Trata-se de um grandioso conjunto de ilhas artificiais construídas em forma de palmeira que abrigam hotéis, casas e shoppings, tudo de altíssimo luxo. O empreendimento ampliou em 15 vezes a pequena área costeira de Dubai, que, junto com outros seis territórios, forma os Emirados Árabes Unidos (EAU). Símbolo da pujança econômica de Dubai, o Palm Jumeirah custou aproximadamente US$ 13 bilhões, apenas na construção. Recentemente, circularam rumores no emirado de que a palmeira gigante estaria afundando. Não há comprovação do afundamento – mas ele fornece uma irresistível analogia para a cidade inteira. A economia de Dubai, o oásis de vidro, concreto e verde artificial erguido no meio do deserto durante as duas últimas décadas, está afundando.
O emirado, basicamente a cidade de Dubai e alguns vilarejos ao redor, era considerado um dos últimos baluartes do esplendor econômico que vigorou no mundo pré-crise. Para contornar sua limitada capacidade de produção petrolífera, o território decidiu na década de 1980 se estabelecer como um entreposto capitalista no meio dos países islâmicos, um lugar seguro para grandes grupos ocidentais montarem suas bases na região. Assim, Dubai, badalada por xeques repletos de petrodólares, gestores de megafundos de investimento e oligarcas russos, ainda parecia até o fim do ano passado um refúgio tranquilo contra a ressaca financeira global. A economia girava em torno de turismo, serviços, mercado financeiro e, principalmente, empreendimentos imobiliários. Além das ilhas em palmeira, Dubai possui o edifício mais alto do mundo, com 818 metros, o maior shopping e um hotel em forma de vela de barco.
Mas a crise chegou. O mercado imobiliário, inflado por empréstimos sem garantias e capital especulativo, estourou quando o crédito começou a secar. Sem garantias, os bancos cortaram os empréstimos. Com a queda do preço do petróleo, os ganhos nos emirados vizinhos minguaram – e os gastos em Dubai diminuíram. O dinheiro escasso fez com que a metade dos projetos de construção, algo equivalente a US$ 580 bilhões, fosse interrompida ou cancelada.
É impossível saber o tamanho do baque econômico na terra do xeque Mohammed bin Rashid Al Maktoum, que acumula a Vice-Presidência dos EAU. Assim como a maioria dos países do Oriente Médio, o governo de Dubai não divulga estatísticas confiáveis. Ainda com um agravante: uma lei recente considera criminoso quem “difamar” o emirado ou sua economia. A multa para o residente que pintar um retrato não favorável do emirado pode chegar a 1 milhão de dirrãs, ou US$ 272 mil. “No momento, há disposição para se acreditar no pior”, disse Simon Williams, economista do banco HSBC em Dubai. “As limitações na divulgação de informações dificultam o desmentido de boatos.”
Sem estatísticas oficiais, só dá para ter ideia da crise por aproximações. Um exemplo: na semana passada, os jornais locais informaram que o país tem cancelado 1.500 vistos de imigração por dia, em média. Nos EAU, o estrangeiro que perde o emprego tem o visto de trabalho imediatamente rescindido. O desempregado tem 30 dias para arranjar outra função ou sair do país. Outra forma que a imprensa local encontrou de dar a dimensão do êxodo são os carros abandonados no aeroporto internacional ou nos estacionamentos da cidade. Segundo a imprensa, já há mais de 3 mil carros abandonados (o governo garantia serem apenas 11). Muitos estão com a chave na ignição e ostentam nos para-brisas bilhetes de desculpas ou de advertência: o dono não vai voltar para buscar o carro. Em parte, a fuga em massa de Dubai pode ser explicada pelo rigor das leis no país. Dívidas atrasadas e cheques sem fundos são punidos com prisão. Diante dessa possibilidade, profissionais que levavam uma vida de ostentação e se viram pesadamente endividados não hesitaram em abandonar carros de luxo, imóveis e investimentos. Melhor fugir com os bolsos vazios que arriscar ir para a cadeia.
E o pior ainda não veio para o emirado, segundo analistas internacionais. O mercado financeiro caiu cerca de 70% em 2008, um contraste com a fartura dos seis anos anteriores, quando a média de crescimento da economia foi de 9%. Engenheiros, economistas e arquitetos, na maioria homens e estrangeiros, lotam os cafés, laptop a tiracolo, na busca de um novo emprego no próprio local. Com uma população estimada em 1,5 milhão de habitantes, Dubai é uma nação de forasteiros: 90% dos que vivem no emirado são estrangeiros.
Se a situação está difícil para os profissionais engravatados, que dirá para os trabalhadores braçais. Um grande contingente de mão de obra formado por indianos, paquistaneses e sul-asiáticos também perdeu seu emprego, principalmente na construção civil. O governo indiano prevê que 20 mil cidadãos retornem ao país em março. Os assentos nos aviões para Nova Délhi e Mumbai estão esgotados. Os indianos, no entanto, não podem deixar o país com a mesma facilidade dos ocidentais. Em sua maioria, eles contraíram dívidas e empréstimos para chegar ao emirado e não podem retornar à Índia sem acertar as contas.
O futuro de Dubai poderá ser decidido por seu “irmão maior”, Abu Dhabi, outro dos sete emirados. Abu Dhabi é rico em petróleo – concentra 95% das reservas dos EAU – e é visto como novo destino dos ocidentais que seguem para o Oriente Médio. Dirigentes dos dois emirados recentemente montaram uma operação financeira que injetou US$ 10 bilhões nos cofres de Dubai. O dinheiro será usado para ajudar as companhias estatais a pagar suas dívidas e impedir a falência de pequenos empresários. O preço da ajuda poderá ser a perda de influência política de Dubai e a migração de empresas para Abu Dhabi. “É o fim da trajetória de autonomia econômica de Dubai”, diz Christopher Davidson, professor da Universidade Durham, no Reino Unido, especialista na região. O oásis artificial no meio do deserto pode se revelar uma grande – e cara – miragem.
***E na matéria que eu fiz no dia 28/11 falando sobre o GP Yas Marina (clique aqui para ler) eu terminei a postagem falando que "quem viver verá" o declínio dos sheiks. Só que foi mais rápido do nós esperavamos.
As vezes não precisamos ser muito adivinhos para prever o futuro. Que pode ser daqui 25 anos. Ou amanhã.
Fonte (em vermelho mais claro): Revista Época.
Fotos: Divulgação Google.
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