terça-feira, 2 de abril de 2013

O Pato

Não é o Feio. Nem o Donald. Não me refiro ao Pato, personagem da escritora Ciça. Não, não estou falando do jogador do Corinthians. Nem chega a ser um Ganso, tal qual o que joga no São Paulo. É um Pato mesmo. Com letra maiúscula.

Quando uma mulher fica grávida, os presentes, bons e ruins, não demoram a vir. A maioria deles, convenhamos, são, digamos, desnecessários. Com minha mãe não foi diferente.

Entre roupinhas e mimos, lá veio um pato (que ainda não tinha letra maiúscula). Pata aqui, pata acolá, fomos ver o que é que há: pateta, comprido, magrelo e desengonçado, abraçava um cobertorzinho. Desaprovado na hora. Pobre pato. Foi deixado de lado, ocupando algum canto empoeirado da casa.

Tom nasceu em pleno inverno, e a mantinha ganhou uso. Sem serventia, o pato acabou parando em um baú com outros bichos de pelúcia, que já haviam pertencido a mim. Eu cresci, mas eles continuaram ali, da mesma forma que os deixei, como se o tempo não tivesse andado.

Tom também cresceu e virou um menino independente: já podia mexer no baú sozinho. Isso é muito importante quando se tem quatro anos. Diria até que fundamental.

E foi aí que ele encontrou o dito cujo. Mesmo com as mãozinhas rasgadas, os velcros soltando, perdendo o já pouco enchimento que tinha, Tom adotou o esmilinguido Pato. Me lembrou a história da filha do cartunista Maurício de Sousa, Mônica, que inspirou a personagem: quando pequenininha, andava para cima e para baixo arrastando um coelhinho amarelo, tal qual o Pato.

Ele almoça e assiste TV conosco, dorme com o Tom. Agora ele é um ser, uma entidade. O Pato usa relógio. Virou crônica.

Mas a "Toy Story" é tal qual a do filme; mudam apenas os personagens. Cruel. O tempo vai passar. O Tom vai crescer. Mas o Pato vai ficar. E a história deles também. Qüén! Qüen!



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