domingo, 25 de janeiro de 2015

AQUÁRIO

São Paulo, setembro de 2001


Diz o "UOL Horóscopo" sobre aquário: "Sua função é encontrar meios racionais para que a maior quantidade possível de pessoas possa usufruir de tudo o que foi criado. Usa a racionalidade e confia na mentalidade das pessoas enquanto coletividade. Pode defender soluções violentas para os problemas sociais. Na melhor das hipóteses, ele é um inventor, alguém que está sempre adiante de seu tempo, principalmente na moda, na literatura, na política e na história. Nas profissões, está na linha de frente da empresa de tecnologia de ponta, tentando descobrir como fazer com que o maior número de pessoas tenha acesso às descobertas científicas. Também está presente na política, com ideias revolucionárias que podem chocar os mais conservadores". 

São Paulo é aquário. De cultura, carros, cimento e gente procurando alento. Elemento ar (poluído), cores azul-céu (nunca visto) e o negro-azulado (talvez a verdadeira cor de seu firmamento). Uma aquariana que não tem mais água e seus peixes (que vem em seguida no zodíaco).

Acho que gosto de São Paulo (gosto de São João, gosto de São Francisco e São Sebastião). Da gastronomia, do sotaque, dos espetáculos, do Tricolor Paulista e da minha querida tia, na rua da Simpatia.

Mas o copo da cidade anda meio vazio. Sampa chora (seco) nos altos do Tietê, Cotia, Rio Grande (que anda pequeno), Rio Claro (escuro de poluição), Guarapiranga e Billings. E de presente de aniversário recebe a notícia de que a Cantareira completa duas semanas seguidas de queda no volume de suas represas. Água do volume morto não é água de beber, camará.

É o fundo do poço, é o fim do caminho, já cantava Tom Jobim - que declarou seu amor por São Paulo e, por sinal, também aniversaria hoje. 

É, Tom. Em tempos de mudanças climáticas, onde São Paulo só recebe 35,4% das chuvas de janeiro, talvez as águas de março já não sejam mais a promessa de vida no nosso coração. Talvez tudo o que paulistas mais queiram agora é uma conversa ribeira e o fim da canseira. Água agora é apenas um pingo pingando, é uma conta (a se pagar), é um conto.

É, Sampa. Falta clima para lhe parabenizar pelos 461 aninhos. Só vejo em vista racionamento (ou racionalização, como diz o dicionário do governo, mais bonito). Mas onde está toda a racionalidade nas ações coletivas que seu signo indica? Não dá para acreditar nessas coisas mesmo. 
Só sei que alguma coisa acontece no meu coração quando leio essas lastimáveis notícias daqui de Santa Catarina, onde a água ainda não falta.


quarta-feira, 10 de abril de 2013

O (NÃO TÃO) VERDE GRAMADO DO VIZINHO

Cartas de Londres: 10 dicas locais para Ronaldo Fenômeno

Por Mauricio Savarese* - Blog do Noblat

Sem delongas e com a ajuda de londrinos, deixo dez dicas para o novo morador da cidade entender como são as coisas aqui.




10 - Ronaldo aqui é o português

Caro Ronaldo, os britânicos são leais. Como Cristiano jogou pelo Manchester United, ele tem a primazia. Os debochados te chamam de “Ronaldo Gordo”. Não ligue. Com o tempo eles aprendem. Os respeitosos ainda te chamam de “Originaldo”.

9 - Festas em casa

A noite da cidade é fraquinha. Muitos começam a beber às 17h e param às 23. Alguns arriscam uns clubes onde o clima é mais pesado. Raramente passam das 3 da manhã. Os londrinos preferem ir ao bar e depois festejar em casa. Espaço não será problema para você.

8 - Evite o inverno

O mais frio março em 50 anos. A primeira vez em décadas com neve em abril. Londres não é a capital mais fria da Europa, mas quem tem o Brasil como alternativa não pode hesitar. Nem se compara com sua Madri ou com Milão, onde você já jogou. Parece mais a gelada Holanda -- só que sem as moças bonitas.

7 - Peça desculpas

Não importa se não é sua culpa. Se alguém pisa no seu pé, você pede desculpas. O pisador também. Quem estiver por perto pode acabar entrando nessa. Esse é o esporte nacional. Nem seu status de celebridade o isenta.

6 - Evite americanismos

Quem chama filme de “movie”, como nos EUA, ganha puxão de orelha. Aqui chamam de “film”. O mesmo vale para os doces -- “candy” para os americanos e “sweets” para os britânicos”. Eles detestam americanismos.

5 - Não vá a festas brasileiras

A não ser que haja bon$ motivo$. Não valem a pena.

4 - Contenha-se ao ver microssaias

As moças não se vestem assim porque estão taradas. É só o jeito delas. E eles acham as brasileiras ousadas pelos biquinis... A maioria nem merece uma secada fenomenal, mas é bom saber que olhar demais, aqui, arranca pedaço.

3 - Não olhe demais

Nada envergonha mais um londrino do que um desconhecido olhar diretamente. Como nem todos são fãs de futebol (muitos gostam apenas de rúgbi), não abuse.

2 - Cuidado com as frituras

A comida daqui não é incrível, mas muitos engordam pelo excesso de porcarias, incluindo o tradicional fish and chips e o queijo cheddar. Você sabe que não pode abusar...

1 - Não diga que eles nunca ganharão a Copa

Eles sempre acham que têm chance. O melhor é responder um “pode ser” e mudar de assunto o mais rápido possível. Alta sensibilidade.


* Mauricio Savarese é mestrando em Jornalismo Interativo pela City University London. Foi repórter da agência Reuters e do site UOL. Freelancer da revista britânica FourFourTwo e autor do blog A Brazilian Operating in This Area. Escreve no Blog do Noblat às segundas-feiras.

terça-feira, 2 de abril de 2013

O Pato

Não é o Feio. Nem o Donald. Não me refiro ao Pato, personagem da escritora Ciça. Não, não estou falando do jogador do Corinthians. Nem chega a ser um Ganso, tal qual o que joga no São Paulo. É um Pato mesmo. Com letra maiúscula.

Quando uma mulher fica grávida, os presentes, bons e ruins, não demoram a vir. A maioria deles, convenhamos, são, digamos, desnecessários. Com minha mãe não foi diferente.

Entre roupinhas e mimos, lá veio um pato (que ainda não tinha letra maiúscula). Pata aqui, pata acolá, fomos ver o que é que há: pateta, comprido, magrelo e desengonçado, abraçava um cobertorzinho. Desaprovado na hora. Pobre pato. Foi deixado de lado, ocupando algum canto empoeirado da casa.

Tom nasceu em pleno inverno, e a mantinha ganhou uso. Sem serventia, o pato acabou parando em um baú com outros bichos de pelúcia, que já haviam pertencido a mim. Eu cresci, mas eles continuaram ali, da mesma forma que os deixei, como se o tempo não tivesse andado.

Tom também cresceu e virou um menino independente: já podia mexer no baú sozinho. Isso é muito importante quando se tem quatro anos. Diria até que fundamental.

E foi aí que ele encontrou o dito cujo. Mesmo com as mãozinhas rasgadas, os velcros soltando, perdendo o já pouco enchimento que tinha, Tom adotou o esmilinguido Pato. Me lembrou a história da filha do cartunista Maurício de Sousa, Mônica, que inspirou a personagem: quando pequenininha, andava para cima e para baixo arrastando um coelhinho amarelo, tal qual o Pato.

Ele almoça e assiste TV conosco, dorme com o Tom. Agora ele é um ser, uma entidade. O Pato usa relógio. Virou crônica.

Mas a "Toy Story" é tal qual a do filme; mudam apenas os personagens. Cruel. O tempo vai passar. O Tom vai crescer. Mas o Pato vai ficar. E a história deles também. Qüén! Qüen!



sábado, 30 de março de 2013

CANÇÕES DO EXÍLIO

Cálice: a ideia surgiu para Gilberto Gil - que havia combinado de sentar com Chico Buarque naquele final de semana para fazer uma música juntos - em uma sexta-feira da paixão. Reuniram-se na cobertura de Chico em um sábado de aleluia como hoje. Só que em plena ditadura militar.

Chico lembrou que existe o cálice e o cale-se. E da mistura com o monstro da lagoa (a cobertura ficava em frente à Lagoa Rodrigo de Freitas, Rio de Janeiro) e da bebida amarga (Chico serviu para Gil o amaro Fernet - "Como beber dessa bebida amarga?"), nasceu uma das letras mais geniais da música brasileira.

Essa e outras histórias podem (e devem) ser conferidas no excelente "Canções do Exílio: A Labareda Que Lambeu Tudo", do grande jornalista Geneton Moraes Neto. Nele, além do próprio Gil, Caetano Veloso, Jorge Mautner e Jards Macalé falam sobre um período conturbado da vida brasileira: a onda de prisões que se seguiu à decretação do AI-5, em 1968. Presos em São Paulo e transferidos para o Rio, Caetano e Gil terminaram deixando o Brasil e seguindo para o exílio em Londres. Os depoimentos revelam episódios desconhecidos do público, como o show que Gilberto Gil, preso, fez para a tropa, no quartel. Caetano Veloso descreve, com detalhes, os diálogos que teve com o cineasta Glauber Rocha, no exílio, sobre o papel dos militares na vida política brasileira.







Algumas informações sobre o documentário foram retiradas do blog Linguagens.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

HUMANOS

As mudanças climáticas e o mito do progresso humano
Carta Capital | Meio Ambiente | 17/01/2013

Foto: ucobserver.org


Aceitar emocionalmente um desastre iminente, atingir a compreensão visceral que a elite do poder não vai responder de forma racional à devastação do ecossistema, é tão difícil de aceitar como nossa própria mortalidade. A luta existencial mais difícil do nosso tempo é a de ingerir esta terrível verdade - intelectualmente e emocionalmente - e continuar a resistir às forças que estão nos destruindo. O artigo é de Chris Hedges.
Chris Hedges (*)
Clive Hamilton em seu "Réquiem por uma Espécie: Por que resistimos à verdade sobre a mudança climática", descreve um alívio sombrio que vem de aceitar que a "catastrófica mudança climática é praticamente certa". Esta obliteração de "falsas esperanças", diz ele, exige um conhecimento intelectual e um conhecimento emocional. O primeiro é atingível. O segundo, por significar que aqueles que amamos, incluindo os nossos filhos, estão quase certamente fadados à miséria, insegurança e sofrimento dentro de poucas décadas, senão de alguns anos, é muito mais difícil de adquirir. Aceitar emocionalmente um desastre iminente, atingir a compreensão visceral que a elite do poder não vai responder de forma racional à devastação do ecossistema, é tão difícil de aceitar como nossa própria mortalidade. A luta existencial mais difícil do nosso tempo é a de ingerir esta terrível verdade - intelectualmente e emocionalmente - e continuar a resistir às forças que estão nos destruindo.

A espécie humana, liderada por europeus e euro americanos brancos, tem sido um alvoroço de 500 anos de conquistas, saques, pilhagens, explorações e poluições da Terra, bem como matando as comunidades indígenas que estavam no caminho. Mas o jogo acabou. As forças técnicas e científicas que criaram uma vida de luxo sem precedentes - bem como inigualável poder militar e econômico - para as elites industriais agora são nossa desgraça. A mania de expansão econômica e de exploração incessante tornou-se uma maldição, uma sentença de morte. Mas assim como nossos sistemas econômicos e ambientais desvendam-se, após o ano mais quente em 48 estados desde que a manutenção de registros começou há 107 anos, não temos a criatividade emocional e intelectual para desligar o motor do capitalismo global. Juntamos-nos a uma máquina do fim do mundo que tritura tudo em seu caminho, como o projeto de relatório do Comitê Consultivo Nacional do Clima e Desenvolvimento ilustra. Ilustração por Mr. Fish.

Civilizações complexas têm o mau hábito de destruírem-se. Antropólogos, incluindo Joseph Tainter em "O Colapso das Sociedades Complexas", Charles L. Redman em "Impacto Humano em Ambientes Antigos" e Ronald Wright, em "Uma Breve História do Progresso" estabeleceram os padrões familiares que levam ao colapso do sistema. A diferença desta vez é que, quando descermos, todo o planeta irá conosco. Não haverá, com este colapso final, novas terras para explorar, nem novas civilizações para conquistar, nem novos povos para subjugar. A longa luta entre a espécie humana e a Terra terminará com os remanescentes da espécie humana aprendendo uma dolorosa lição sobre a ganância desenfreada e a autoadoração.

"Há um padrão no passado da civilização após civilização desgastando suas boas-vindas da natureza, superexplorando seu ambiente, super expandindo-se, super povoando", disse Wright quando fiz contato com ele por telefone em sua casa em British, Columbia, Canadá. "Eles tendem a entrar em colapso pouco depois de chegarem ao seu período de maior esplendor e prosperidade. Esse padrão vale para uma série de sociedades, entre eles os romanos, os antigos maias e os sumérios do que é hoje o sul do Iraque. Há muitos outros exemplos, incluindo sociedades de menor escala como a Ilha de Páscoa. As mesmas coisas que fazem com que as sociedades prosperem no curto prazo, especialmente novas maneiras de explorar o ambiente, tais como a invenção da irrigação, levam ao desastre no longo prazo por causa de complicações imprevistas.

Isto é o que eu chamei de "armadilha do progresso" em "Uma Breve História do Progresso". Temos colocado em movimento uma máquina industrial de tal complexidade e tal dependência em expansão que não sabemos como fazer com menos ou mudar para um estado de equilíbrio em termos de nossas demandas da natureza. Nós temos falhado em controlar o número de humanos. Eles triplicaram durante minha vida. E o problema é muito pior pelo crescente espaço entre ricos e pobres, a concentração de riqueza garante que nunca tem o suficiente para todos. O número de pessoas em extrema pobreza, hoje, é cerca de dois bilhões, maior do que toda a população do mundo no início de 1900. Isso não é progresso”.

"Se continuarmos a não tomar conta das coisas de uma forma ordenada e racional, iremos a algum tipo de catástrofe, mais cedo ou mais tarde", ele disse. "Se tivermos sorte, será grande o suficiente para nos despertar em todo o mundo, mas não grande o suficiente para nos eliminar. Isso é o melhor que podemos esperar. Devemos transcender a nossa história evolutiva. Nós somos caçadores da Idade do Gelo, de barba feita e vestindo um terno. Nós não somos bons pensadores para longo prazo. Nós gostaríamos de desfiladeiro sim nos de mamutes mortos conduzindo um rebanho de um penhasco que descobrir como conservar o rebanho para que ele possa alimentar a nós e aos nossos filhos para sempre. Isto é a transição que nossa civilização tem que fazer. E nós não estamos fazendo isso."

Wright, que em seu romance "Um Romance Científico" pinta um retrato de um mundo futuro devastado pela estupidez humana, cita "arraigados interesses políticos e econômicos" e uma falha da imaginação humana, como os dois maiores obstáculos à mudança radical. E todos nós, que usamos combustíveis fósseis, que nos sustentamos através da economia formal, diz ele, estamos em Sociedades capitalistas modernas, Wright argumenta em seu livro "O que é a América?: Uma Breve História da Nova Ordem Mundial", derivam de invasores Europeus, a pilhagem das culturas indígenas das Américas do 16 ao século 19, juntamente com o uso de escravos africanos como uma força de trabalho para substituir os nativos.

Os números desses nativos caíram mais de 90% por causa da varíola e outras pragas que não existiam antes. Os espanhóis não conquistaram nenhuma das principais sociedades até a varíola os atingir; de fato, os astecas os venceram de primeira. Se a Europa não foi capaz de aproveitar o ouro das civilizações asteca e inca, se não tivesse sido capaz de ocupar a terra e adotar culturas altamente produtivas do Novo Mundo para uso em explorações agrícolas europeias, o crescimento da sociedade industrial na Europa teria sido muito mais lento. Karl Marx e Adam Smith chamaram atenção para o fluxo de riqueza das Américas como tendo feito a Revolução Industrial e possível o início do capitalismo moderno. Foi o estupro das Américas, ressalta Wright, que acionou a orgia de expansão europeia. A Revolução Industrial também equipou os europeus com sistemas de armas tecnologicamente avançados, criando mais subjugação e pilhagem, tornando a expansão possível.

"A experiência de 500 anos relativamente fáceis de expansão e colonização, a constante assunção de novas terras, levou ao mito capitalista moderno que você pode expandir para sempre", disse Wright. "É um mito absurdo. Nós vivemos neste planeta. Nós não podemos deixá-lo e ir para outro lugar. Temos que trazer nossas economias e demandas da natureza dentro dos limites naturais, mas nós tivemos 500 anos em que os europeus, euro americanos e outros colonos invadiram o mundo e o dominaram. Esta execução de 500 anos fez com que a situação parecesse não só fácil, como normal. Nós acreditamos que as coisas vão sempre ficar maior e melhor. Temos que entender que este longo período de expansão e prosperidade era uma anomalia. Ele raramente aconteceu na história e nunca vai acontecer de novo. Temos que reajustar nossa civilização inteira para viver em um mundo finito. Mas nós não estamos fazendo isso, porque nós estamos carregando bagagem demais, versões míticas demais da história deliberadamente distorcidas e um sentimento profundamente arraigado de que ser moderno é ter mais. Isto é o que os antropólogos chamam uma patologia ideológica, uma crença autodestrutiva que leva sociedades a se destruírem e queimarem. Estas sociedades continuam fazendo coisas que são realmente estúpidas, porque elas não podem mudar sua maneira de pensar. E é aí que nós estamos".

E, enquanto o colapso se torna palpável, se a história humana é um guia, nós como sociedades passadas em perigo vamos recuar em que os antropólogos chamam de "cultos de crise." A impotência que sentiremos do caos ecológico e econômico irá desencadear delírios mais coletivos, como a crença fundamentalista em um deus ou deuses que vão voltar à Terra e nos salvar.

"Sociedades em colapso muitas vezes acreditam que se certos rituais são realizados todas as coisas ruins vão embora", disse Wright. "Há muitos exemplos disso ao longo da história. No passado, estes cultos de crise aconteceram entre as pessoas que haviam sido colonizadas, atacadas e mortas por pessoas de fora, que perderam o controle de suas vidas. Eles veem nesses rituais a capacidade de trazer de volta o mundo passado, o que enxergam como uma espécie de paraíso. Eles procuram voltar ao modo de como as coisas eram. Cultos de crise espalharam-se rapidamente entre as sociedades americanas nativas no século 19, quando os búfalos e os índios estavam sendo mortos, por fuzis e pistolas, armas de fogo. As pessoas passaram a acreditar, como aconteceu no Ghost Dance, que se fizessem as coisas certas, o mundo moderno, que era intolerável, - o arame farpado, as ferrovias, o homem branco, a metralhadora - desapareceria".

"Nós todos temos a mesma fiação psicológica básica", disse Wright. "Isso nos faz muito mal em planejamento de longo prazo e nos leva a apegar-nos a ilusões irracionais, quando confrontado com uma ameaça séria. Olhe para a crença da extrema direita de que se o governo desaparecesse, o paraíso perdido da década de 1950 iria voltar. Olhe para a forma de como estamos deixando a exploração de petróleo e gás seguir em frente, quando sabemos que a expansão da economia do carbono é suicida para os nossos filhos e netos. Os resultados já podem ser sentidos. Quando se chega ao ponto onde grande parte da Terra experimenta quebra de safra ao mesmo tempo, teremos fome e colapsos em massa. Isso é o que está por vir se não lidarmos com as mudanças climáticas.”

"Se falharmos neste grande experimento, esta experiência de macacos se tornarem inteligentes o suficiente para assumir o comando do seu próprio destino, a natureza não se importará e dirá que foi divertido por um tempo deixar os macacos executar o laboratório, mas no final foi uma má ideia”, disse Wright.

(*) Chris Hedges é colunista para Truthdig.com. Hedge se formou em Harvard Divinity School e foi durante quase duas décadas correspondente estrangeiro para o New York Times. Ele é o autor de muitos livros, incluindo: A Guerra É Aquela Força Que Nos Dá Sentido, O Que Todos Deveriam Saber Sobre Guerra, e Fascistas Americanos: A Direita Cristã e a Guerra na América. Seu livro mais recente é Império da Ilusão.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

FULECO


POR ALVARO OLIVEIRA FILHO

Não sei quanto a vocês, mas eu achei genial o nome da mascote da Copa do Mundo no Brasil. FULECO…

Querem um nome que se identifique mais com a nossa Copa do que este?

Fuleco vai virar verbo, adjetivo, advérbio.

No próximo Enem podem se preparar para conjugar o verbo fulecar: eu fuleco, tu fulecas, ele fuleca, nós fulecamos, vós fulecais, eles fulecam. É questão certa.

Eu, por exemplo, comemorei a escolha do Brasil como sede da Copa.

Acreditei naquele discurso de que a Copa nos ajudaria a tomar vergonha na cara e começar a trabalhar com planejamento por um país melhor.

Acreditei fulecamente quando o ex-presidente Lula garantiu que teríamos estádios moderníssimos sem que fosse gasto um centavo sequer do dinheiro publico.

Conclusão?

Fulequei-me. Mas, sejam sinceros, não fui só eu. Vão dizer que vocês não se fulecaram também?

Fuleco é tão genial, que poderia virar sobrenome do presidente da CBF e do Comitê Organizador Local.

Já imaginaram? José Maria Fuleco.

Seria o máximo. Fuleco pode ganhar o mundo: Joseph Fuleco Blatter… Jerome Fuleco Valcke… Imaginem os cumprimentos: “Senhor Marín, o senhor está com uma gravata muito fuleca hoje”…

Querem fulecagem maior do que demitir o técnico da Seleção, prometer anunciar o nome do substituto em janeiro e refazer tudo às pressas, da noite para o dia?

A cúpula da CBF simplesmente não levara em consideração que haveria uma cerimônia oficial da Fifa neste sábado e que seria um vexame desfulecal a seleção-anfitriã não ter um técnico para representá-la.

Na hora da coletiva para apresentar o novo técnico e o novo coordenador-técnico, o presidente da CBF ainda consegue errar duas vezes o nome de Carlos Alberto Parreira… Presidente, o senhor precisa tomar fulecol para reativar a memória.

Amigos, acreditem, não poderia haver nome melhor.

No futuro, nossos netos e bisnetos poderão pesquisar nos sites: “2014, a Copa do Mundo Fuleca”.

Tenho a impressão de que ainda vamos sentir orgulho deste nome, diferentemente dos padrinhos da mascote, que, de tanta vergonha, fizeram o batismo na calada da noite de um domingo chuvoso.

Não é uma bela fulecagem? É fantástico.

Publicado no diário “Lance!” dia 30/11, repercutido no "Blog do Juca" na mesma data e copiado aqui nesse post de retorno do "Pitaquinhos da Fernanda". Gostaria de uma volta menos Fuleca, mas... É fantástico!

domingo, 22 de abril de 2012

BLUE MARBLES

Em 72 a tripulação da nave espacial Apollo 17 bateu uma foto do Planeta Terra que ficou conhecida como "A Bolinha Azul". Tirada a uma distância de aproximadamente 55.000 quilômetros, foi a primeira imagem nítida de uma face iluminada do Planeta, e se tornou umas das imagens fotográficas mais reproduzidas no mundo.




A imagem se tornou um símbolo ambiental, e é considerada um retrato da fragilidade da Terra.


Recentemente o pesquisador da Academia de Ciências da Califórnia, Dr. Wallace J. Nichols, deu início a um projeto muito bacana chamado Blue Marbles (Bolinha Azul, em inglês).
Distribuiu poucos exemplares de bolinhas azuis, parecidas com as de gude, para as pessoas presentes na conferência de apresentação da ideia, deixando a missão de passar o objeto para alguém especial. Você presenteia alguém e ambos se responsabilizam em ter atos sustentáveis em prol do nosso lar.

Segundo o Dr. Wallace, os pequenos objetos são parecidos com o Planeta Terra durante o período de formação.




Na semana passada tivemos o prazer de receber em nossa casa a querida Kalinka Schutel, jornalista e apresentadora do programa ITS TV, da RIC Record, que teve a sorte de conseguir um exemplar da rara bolinha e nos escolheu para presentear com a Blue Marbles!


Eu, minha mãe, Kalinka, meu pai e meu irmãozinho Tom

Os novos guardiões da Blue Marbles

Kalinka, eu, Mamãe e Roseli (mãe da Kalinka)

Papai com a Bolinha Azul

Mamãe repete o gesto

Registro para o Blog

Kalinka se despede da Blue Marbles

A lontra Zira também merece uma foto com a bolinha

Nos dias 18, 19 e 20 de maio estaremos no Viva a Mata, evento promovido Fundação SOS Mata Atlântica que acontece todos os anos no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Levaremos a Blue Marbles!


E hoje, 22 de abril, é o Dia da Terra! Viva a Bolinha Azul!

Mais sobre o projeto aqui (em inglês).