Hoje posto uma carta que escrevi para o Planeta há uns anos atrás para um trabalho da aula de Língua Portuguesa:
Foto: Wordpress.
Querida amiga:
Espero que você esteja bem melhor quando receber essa. As notícias são de que sua saúde não anda bem, o que me deixa muito preocupada.
Soube de várias coisas tristes que te aconteceram e, se me permite dar uma sugestão para sua melhora, gostaria de pedir que você tenha um pouco mais de tolerância com os acontecimentos dos últimos anos. Claro que é fácil falar, pois também sofro como você dessas enfermidades causadas por pequenas ações aqui e acolá. Também pelas grandes decepções ocasionadas pela ignorância e maldade.
Quando digo tolerância, me refiro muito mais do que a “tendência a admitir modos de pensar, de agir e de sentir...”, como está descrito no dicionário. Mais ainda do que “diferença máxima admitida” ou qualquer outra definição dessa palavra.
O que eu quero dizer, ou melhor, implorar, é que você exerça a tolerância como um ato de humanidade, de compaixão, de paciência. Do contrário, todos nós estaremos sofrendo as conseqüências de maneira ainda mais cruel, dolorosa e irreversível.
Por exemplo, quando vejo alguém jogar lixo no chão, seja ele um pequeno pedaço de papel ou mesmo aquelas visões grotescas de um monte de garrafas e sacos plásticos boiando nos nossos rios, tenho que exercitar ao máximo minha tolerância para não sair por aí gritando com tudo e com todos; Outro que me lembro agora é a covardia de pessoas que maltratam os animais, que batem neles, que os escravizam, os privam da liberdade, os torturam e os matam; O que dizer então dos que derrubam árvores, queimam florestas inteiras, destroem a biodiversidade?
Sei que tem horas que fica tudo muito difícil. Moro numa pequena cidade, menos de cinco mil habitantes, clima ameno, minha casa é rodeada de montanhas repletas de nascentes, há muitos rios e belas cachoeiras. As vezes estou deitada na rede, lendo um gostoso livro, num silêncio pontuado pelo canto dos pássaros. E de repente, do nada, aparece alguém com um carro e um som alto, no máximo da potência, poluindo meus ouvidos, acelerando meu coração, espantando os passarinhos. Que difícil ser tolerante!
A tolerância nesse caso é para que possamos sobreviver, mas sem nunca nos conformarmos, jamais deixarmos de nos indignar frente a tanta agressão, a tanta dor, a tanta indiferença e desigualdade com o próximo, com a natureza.
Renovo então meu pedido porque te gosto muito e sem você não estaríamos todos aqui. E é claro, porque sem sua tolerância todos nós estaremos fadados à extinção.
Querida Terra, tolere um pouco mais a humanidade, não perca de vez a paciência conosco. Dê mais um tempo para que possamos aprender a nos respeitar, a nos compreender como parte do planeta, a entendermos a necessidade de sermos mais humildes frente ao tempo, que parece querermos dominar, ou pior derrotar.
Quando todos humanos souberem que somos apenas uma parte infinitamente pequena na sua história e que certamente pela nossa ganância estamos não destruindo a você, mas a nós mesmos, iremos então melhorarmos nossas ações, nossas vidas e dos demais seres vivos que você abriga com tanta generosidade.
Saiba amiga Terra, que nem todos são maus. Muitos lutam por você, por nós, pela vida!
Tolerância é tudo que peço nesse momento. De resto, prometo lutar para dias melhores.
Um grande abraço, do tamanho da linha do equador!
De sua amiga de sempre,
Fernanda
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